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terça-feira, julho 20, 2004

Silhuetas.



Horas de pouca luz são estas que nos cercam a memória. Os olhos são aquelas saliências que surgem, marcadas pelos sorrisos extemporâneos dos animais. Somos o rasto que deixaste: existem velas em redor do quarto a marcar as conversas de fim, os desenhos de mapas criados apenas por debaixo dos lençóis que, de tão usados, se nos misturaram à pele. Não notamos já a diferença inócua da tua voz ao longo dos anos: emites sons graves, distorcidos e breves, como que não deixando antever os anos que nos separiam do que agora somos - de quando nos voltaríamos a ver.
 
Que virá atrás de ti ?
 
Terás as mãos cerradas sobre o espaço, os olhos delicadamente fechados e os lábios, esses, quedar-se-ão estagnados e imberbes. Existirão travos salgados do mar que se nos abeirou à janela, momentos antes de adormecermos e sabes bem que durante a noite não há silhuetas.

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