Há luzes que levam de volta o corpo para a casa que te foi insuficiente. o silêncio
rodeia-se de espaços ocos onde não cabem recordações de nada
tentamos dormir mas a face sua:
os delírios retornam.
A cidade ergue-se na penumbra. pessoas e pessoas alimentam-se de medo e os cabelos tingem-se de loucura
o vento que persegue afasta o teu odor
a casa não é mais tua.
Seguimos as cruzes de néon que agridem a pele. gritam a tua origem; recordam-te, de uma forma inevitável, aquilo que foste
e que já não te permitem ser.
Engolimos as vozes. sabemos de antemão que os teus dias se aproximam do início:
deixamos que as mãos sosseguem sobre as cartas que pararam de
surgir.
o rosto onde nasces
e agora só há movimento para que possamos encurtar a d-i-s-t-â-n-c-i-a que
nos separa dos amigos:
o peito enche-se de nomes
os olhos engolem moradas antigas onde os procuraremos
apesar de sabermos
que não vivem mais lá.
Pesquisar neste blogue
quinta-feira, junho 23, 2005
quarta-feira, junho 15, 2005
Tumbstones on the sidewalk.
Pressionam-se as mãos, febris
absorvem as ilusões
e procriam-se debaixo do tapete rubro. os olhos são ainda infantis, tornam-se claros
à medida em que o rosto empalidece.
abrimos imensas janelas , os rostos implodem quando a mão sofrêga lhes
toca e diz: 'não mais'.
lá fora há vozes em declínio que procuram abrigo da loucura
mas
a casa é branca quando os anos se apoderam dela.
recordamos truques de magia de quando a idade ainda nos convinha:
tacteávamos
planícies cheias de poeira por onde os nossos corpos se mesclam ainda sem saber para onde ir:
a fuga
no olival que se estendia pelas pálpebras, por onde julgávamos que a doença não alastraria:
o medo-pungente
de que a cura se diluísse na chuva rara e plúmbea.
hope has a strange name now.
as horas-várias estão saturadas. o odor do corpo antecipa os movimentos da alma para que,
longe daqui, possam ouvir tudo aquilo que fazemos
et, peut-être
esperar-nos, sem pressa, ao abrigo do meio-dia, sem tempo para a inocência que trazemos nos bolsos.
absorvem as ilusões
e procriam-se debaixo do tapete rubro. os olhos são ainda infantis, tornam-se claros
à medida em que o rosto empalidece.
abrimos imensas janelas , os rostos implodem quando a mão sofrêga lhes
toca e diz: 'não mais'.
lá fora há vozes em declínio que procuram abrigo da loucura
mas
a casa é branca quando os anos se apoderam dela.
recordamos truques de magia de quando a idade ainda nos convinha:
tacteávamos
planícies cheias de poeira por onde os nossos corpos se mesclam ainda sem saber para onde ir:
a fuga
no olival que se estendia pelas pálpebras, por onde julgávamos que a doença não alastraria:
o medo-pungente
de que a cura se diluísse na chuva rara e plúmbea.
hope has a strange name now.
as horas-várias estão saturadas. o odor do corpo antecipa os movimentos da alma para que,
longe daqui, possam ouvir tudo aquilo que fazemos
et, peut-être
esperar-nos, sem pressa, ao abrigo do meio-dia, sem tempo para a inocência que trazemos nos bolsos.
sábado, junho 11, 2005
Dança
No fundo dos corpos esconde-se a dança em que
os dias, inevitavelmente, se afundam.
existe a rotina dos bons-dias; o ofício do olhar ausente que atrai
os amigos como se falassem deles.
E saímos de casa à pressa. deixamos a porta entreaberta. as mãos côncavas e
secas, com o cansaço da fuga que a juventude planeia.
a dança persiste.
- palmilhamos as ruas, atentos às saliências em que a tua voz se possa entrincheirar. Escrevemos cartas com pedidos de abrigo; temos como imagem
o rosto dos pais e o torpor atinge-nos sem prelúdio
as roupas desdobram-se em rastos de terra
como homens no deserto.
Há folhas a divagar no escuro. Há cães que nos protegem da nossa boca, da nossa fome. O teu coração persegue-te
noites a fio ouves o ruído do amor
e o ventre que palpita encolhe-se à medida em que a velhice se nos assoma: esquecemos os soalhos lugúbres; os dias de escola; os piqueniques ao meio dia; os risos cúmplices que vinham da água
o corpo há-de parar
no decorrer da noite se encontram os passos perdidos. aglomeram-se, apresentam-se de sopetâo e partem
e na planície permanece a infância
que o verdadeiro amante não sabe
dançar.
os dias, inevitavelmente, se afundam.
existe a rotina dos bons-dias; o ofício do olhar ausente que atrai
os amigos como se falassem deles.
E saímos de casa à pressa. deixamos a porta entreaberta. as mãos côncavas e
secas, com o cansaço da fuga que a juventude planeia.
a dança persiste.
- palmilhamos as ruas, atentos às saliências em que a tua voz se possa entrincheirar. Escrevemos cartas com pedidos de abrigo; temos como imagem
o rosto dos pais e o torpor atinge-nos sem prelúdio
as roupas desdobram-se em rastos de terra
como homens no deserto.
Há folhas a divagar no escuro. Há cães que nos protegem da nossa boca, da nossa fome. O teu coração persegue-te
noites a fio ouves o ruído do amor
e o ventre que palpita encolhe-se à medida em que a velhice se nos assoma: esquecemos os soalhos lugúbres; os dias de escola; os piqueniques ao meio dia; os risos cúmplices que vinham da água
o corpo há-de parar
no decorrer da noite se encontram os passos perdidos. aglomeram-se, apresentam-se de sopetâo e partem
e na planície permanece a infância
que o verdadeiro amante não sabe
dançar.
quarta-feira, junho 01, 2005
Casa.
Os gestos são difusos, confundem-se com os espelhos que semeámos apenas
para esconder o reflexo do sorriso que trocámos. A luz torneia-me os olhos, devagar, e os dedos absorvem pessoas como se escrevessem os seus rostos
acentuam a tristeza do olhar.
A fome do mundo :: a distância das crianças fica palpável :: a voz dentro do coração
que se emudece e sissia: o lado errado é este.
a voz faz-se de lume.
E, ao chegar a noite, no mesmíssimo momento em que nos lembramos do que deixámos, os músculos bloqueiam: deixam-nos inertes, no meio da estrada poarenta, hipnotizados pela sombra de algo .. de alguém que julgáramos desaparecido.
aí, despertamos.
Procuramos nos bolsos as cartas que esconderamos - os pés afundam-se
olhamos no rosto o medo da solidão - as mãos são gélidas
tentamos falar: a voz encapela-se: o peito estremece explode - os olhos reviram-se
e o mundo, sem translação, ouve-nos os lamentos - a voz, enfim, identifica-se:
este é o lado errado do amor.
para esconder o reflexo do sorriso que trocámos. A luz torneia-me os olhos, devagar, e os dedos absorvem pessoas como se escrevessem os seus rostos
acentuam a tristeza do olhar.
A fome do mundo :: a distância das crianças fica palpável :: a voz dentro do coração
que se emudece e sissia: o lado errado é este.
a voz faz-se de lume.
E, ao chegar a noite, no mesmíssimo momento em que nos lembramos do que deixámos, os músculos bloqueiam: deixam-nos inertes, no meio da estrada poarenta, hipnotizados pela sombra de algo .. de alguém que julgáramos desaparecido.
aí, despertamos.
Procuramos nos bolsos as cartas que esconderamos - os pés afundam-se
olhamos no rosto o medo da solidão - as mãos são gélidas
tentamos falar: a voz encapela-se: o peito estremece explode - os olhos reviram-se
e o mundo, sem translação, ouve-nos os lamentos - a voz, enfim, identifica-se:
este é o lado errado do amor.
Subscrever:
Mensagens (Atom)