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sábado, julho 16, 2011

Terra e sal.

é quase impossível explicar-te porque não fiquei no nosso retrato. dizem todos que a vida dá muitas voltas e sei que deixei o teu sorriso para trás.






era tudo o que menos queria. aquele sorriso que existia quando me sentias o cheiro. o sorriso que desvelavas quando me olhavas, tão cheia de amor e de sonhos.






tenho a perfeita noção do teu rosto enquanto dormias. e sim, vi-te dormir. vi-te fechar os olhos de cansaço, vi-te imaginar-nos, anos à frente, e sorrires por isso.



vi-te sentir a minha pele mais enrugada, tocares os meus cabelos mais grisalhos, tal como a barba que dizias não gostar.






e nessa fotografia eu fumava e mesmo assim tu sorrias. sorrias porque me tinhas pela mão, porque estaríamos não sei onde a fazer não sei o quê, mas estaríamos.






mas tudo isso foi deitado à terra, com sal para derreter. as nuvens que te sombreavam o rosto adensaram-se e tornaram-se escuras.






e de repente tudo aquilo que sempre me disseras tornara-se realidade. todas as defesas que eu havia quebrado tiveram uma razão de existir e eu perdi novamente o meu nome.






já não sei mais como me chamo. e sei que digo ter uma razão para tudo. sei que digo que sei tudo. e preferia não saber.






Como tu própria dizes: sei o que pensas sem dizeres uma palavra. e ainda hoje vejo. ainda hoje te consigo olhar, por mais que não queiras.



e hoje o manto branco cobre-te os olhos tristes sem que eu os possa beijar, em jeito de perdão, porque sei que os teus lábios estão retesados e fechados



porque sorrir foi algo que levei comigo e a doçura dos teus olhos ficou guardada no armário.