Por vezes, descobrimos aquela música que nos faz apenas sentir.
descobrimo-la por acaso, ao ver um quaquer programa na tv ou prescrutando a rádio ao acaso e ela simplesmente
surge.
Pensamos "parece que foi de propósito" e talvez tenha sido. Provavelmente foi porque, quando damos por nós,
os joelhos começam a deambular sozinhos e aleatoriamente; a cabeça começa a exercer um movimento
repetitivo e ritmico
ao som da memória que descobrimos
fechamos os olhos e é como se fossêmos materializados noutro mundo, para um qualquer sonho de uma noite mal dormida
em que conseguimos tão-somente
sentir
como se tivéssemos acabado de nascer e não soubéssemos nada deste mundo
ou de outros.
Simplesmente sabemos, naqueles minutos de puro ardor e alegria, como se sentem as mãos ao passar pelos girassóis que se estendem
pela memória, sabemos o toque na pele das temperaturas amenas de primaveras em que conseguimos sentir o amor
tao puro
como se quase fosse proibido de existir.
nesse instante, já todas as células que compõem a nossa derme vibram e chocam entre si;
já os nossos dedos batem violentamente na superficie que se nos depara - seja ela qual for -
e mantemos os olhos fechados, segurando o cigarro desajeitadamente, para que aquele tão-especifico momento, tão fugaz, não se
nos escape tão rápido como a nossa saborosa adolescência.
eis que a música termina apenas para recomeçar, como um rewind que é imperativo fazer
para poder escrever, mais uma vez, a falta que o amor faz quando sussurado aos ouvidos.
Listening to: Ludovico Einaudi - Experience