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domingo, maio 18, 2014

o lado errado.


há momentos em que a nossa voz vagueia e imagina como seria um outro mundo, um sítio onde
conseguíssemos diluir-nos sem medos ou poder simplesmente tornar nossa a ebriedade do mundo
e possuir-.me, nomear-.me e não esquecer quem fui ou quem me tornei.

lembro-me de não crer que chegaria aqui, que nunca chegaria o momento em que estaria do lado de fora daquela porta
sem ter presente a imagem do que me fez vir embora.

sei o que me permiti deixar para trás e tenho nas pálpebras o peso das noites mal dormidas, a imaginar
outros dias.,

tatuei o corpo e de nada me valeu. deixei cair por mim os poros de sal que prometi a mim mesmo
nunca mais deixar sair

porque me vi do lado errado do espelho

agora, resta-me construir as paredes que me vão amparar na posição débil que escolhi,
e uma a uma surgem erectas.

tudo isto  para poder estar de volta ao menino que fui - e que grita - e que nunca pensou ouvir impossíveis pela
noite fora , de cigarro ao canto da boca, a tentar retornar a dentro de si.

nada mais pareço senão um fugitivo da minha pele:
um sem fim de viagens imaginarias e de
sonhos inacabados.

apesar de tudo isto, digo à menina que foste que me encontro a cada dia em cada rua, em cada edíficio,
e nada mais existe que a aversão pelos nomes que semeias ao frio, porque sei que nenhum deles

é o meu.