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sexta-feira, dezembro 24, 2004

A confluência.

Os homens têm flores estranhas que emanam das incidências do mundo das crianças. Existem, por detrás destas paredes meias, aqueles que poderão, inevitávelmente, trazer para junto de si os pedaços de carne que a outros não lhes faz falta. Dentro em breve, algo se escapará por um lugar que ninguém imagina, e por onde ninguém conseguirá novamente escapar. A descrição da rota será esquecida, assim como todas as recordações que existiam antes disso. E agora sim, poderás rodear-te de imensos cheiros: poderás tornear-te e regressar ao momento de onde todos nós deveríamos ter partido. O resto não é nada. E tu sabes bem: nós aí a secretária o quarto meio-escuro e a tua escrita como arte a recordares-te de mim.


quinta-feira, dezembro 09, 2004

Casca.

Redunda no teu corpo uma ânsia estranha de chegar cedo a todos os lugares. Tens contigo a pressa envolvente de todos os que procuram cidades mitológicas e já perdidas no mapa e , de quando em vez , recordas a tua origem: o interior de ti mesma , que te rodeia durante a noite e que te faz secar o rosto em pálpebras imaginárias.

Desenhar-te: julgar os teus dedos como fósseis daquilo que éramos: esterilizar os olhos, interrompendo a cegueira abrupta da juventude: tu-tão-bela-sem-palavras.

sábado, dezembro 04, 2004

Clocks.

Espero a busca incessante que te há-de trazer a mim. Conheço de cor todos os retratos possíveis , todas as formas que alguma vez o teu rosto poderá tomar.

Não me passarás despercebida.

Teimo em rodear-me de imagens cruas , com um forte cheiro a sonhos-que-deixámos-semeados-pelo-chão. Sempre tiveste a capacidade de organizar tudo e , quando tinhas dúvidas , era a mim que acedias. Franzias o sobrolho , gesticulavas algo com os teus lábios e , antes mesmo de o teu medo soar , já todas as soluções se me deparavam , e a resposta já surgia pronta para apaziguar a tua intempérie.

Onde estás ?

Se te perguntares , algures , de onde vieste , sei que a resposta será algo como: "não sei" , ou quiçá um simples: "de nenhures". Sempre esperei que respondesses de outra forma. Algo como: "de dentro de ti" ou "das tuas mãos". Mas sei que , mesmo que estejas nalgum sítio onde eu não consigo chegar , te recordas dos trajectos que desenhámos e dos poucos que chegámos de facto a percorrer.

E o teu corpo , esse , onde está ?

Não sei , mas é de ti que me lembro.