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terça-feira, agosto 17, 2010

paredes secas.

dizemos às pessoas que gostamos, que dói mas passa.

ouvi-mo-las chorar perto de nós, aperta-se-nos o peito ao ponto de querermos
derrubar as paredes em actos violentos porque aquela criança em delírio
lhes irrompe pelo peito frágil

e o nosso aqui, tão estéril e seco.

tentamos reduzir as suas vidas a momentos fugazes,
a minutos em que nos amaram e eis que, então, saltamos logo para o final

fast forward para o amo-te mas não consigo mais viver contigo. the end.

sabemos que a casa ruirá, nestas quartas feiras de luto. mas naquela altura não. doía como não julgáramos, enquanto amantes,
ser possível

mas ardia e sangravam as mãos como se fossem feitas de veneno
o mesmo que rolava das faces impossíveis de nomear

e onde hoje existe apenas o pó que rola e se reproduz pelas planícies de sonhos eróticos,
perdidos em quem os tem
mas que não os partilha: porque a substituição é mais fácil
que o esquecimento

mas há incêndios que jazem sob a pele e queimam nos verões
em que não queremos o frio da despedida.