Pesquisar neste blogue

segunda-feira, março 02, 2009

Born old.

por vezes todos sabemos que precisamos do silêncio para sobreviver. precisamos da solidão para podermos olhar para nós próprios e saber quem somos, que somos algo mais que uma imagem desfocada no espelho enquanto nos afastamos dali.

olhamos estradas vazias e nocturnas como se não tivessem fim. pensamos que temos um destino a cumprir, que há algo de maior que nos conduz a um sítio que não sabemos onde é e terminamos sem saber como lá chegar.

paradise lost.

as músicas repetem-se nos ouvidos e assomam-se às pálpebras imagens ténues de rostos e de gentes. e é quando pensamos em tudo isto que notamos que nunca é tarde ou cedo demais para fazer algo que nunca fizemos:

podemos escrever mensagens na estrada para toda a gente ver e questionarem-se para quem será, ao mesmo tempo que esse alguém abre uma janela num 4º andar e olha, surpresa, para aquelas letras a verde, que lhe arrebatam o espírito - então, tinha um significado. agora, já o tempo apagou tudo isso.

voltamos ao presente, numa sala em silêncio - sim, porque precisamos do silêncio para nos sentirmos a nós próprios - e damos por nós a escrever e a recordar Rainer Maria Rilke que dizia algo como "acima de tudo, na hora mais silenciosa da noite, pergunte a si próprio: tenho de escrever?": sim, temos de escrever porque não há outro modo de sentir.

cigarros. o seu cheiro nas mãos é inconfundível e indissociável daquilo que somos. tal como as tatuagens. obrigam-nos a olhar para dentro, apesar de estarem sobre a pele, ou entre ela. aí, notamos a necessidade emergente que se enclausurou, em tempos, nos resquícios do peito e que procura, ainda hoje, um striptease entre dois amantes cujas conversas são poemas inacabados à espera de uma noite eterna.