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sábado, abril 23, 2005

Voz de lume.

Sei que, a sul, o tempo passa pelas mãos com um peso anódino e despropositado. Desenho os corpos que o mundo gostaria de possuir, antevejo os rostos das crianças que, algures, irão surgir para indicar aos outros, os mesmos que se escondem nas frestas das sombras, o caminho por onde a juventude terminará.

A rua tem pedaços de ti espalhados. Os candeeiros resumem-se a parcas pontes de alumia-encandeia que te escondem o rosto. O sossego destas noites-outras é doce e satisfaz-se com facilidade: o teu desejo, esse, deambula pelo tapete que se mascara de ladrilho.

Há-os inconsequentes.

Há-os perdidos.

Heis-me rebuscado nos traços originais do mapa que rasurámos. Ainda estão presentes todas as vozes que enlaçámos e, bem fundo, nas raízes da velhice, surge o sangue de uma amor-anónimo, uma réstia de limpidez da insanidade que nos invade ao abrir do dia do peito.

Lá dentro apenas as crianças, sem um parto natural ou local de nascença: apenas o nome as mãos em desordem e os olhares afastados daqueles que os abandonam.