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segunda-feira, maio 14, 2012

Por uma noite.

Não sei se foi por uma noite ou por uma vida.

Ainda me ensombra a dúvida sobre o que pairou sobre nós, naquele momento, após todas aquelas horas, a aguardar o beijo que se deu.

Nunca imaginei o depois: nunca pudera imaginar que um sorriso perfeito pudesse esconder a perfidez da tua pele; nunca senti, no meu âmago, que pudesses responder com balas a carícias.

a tua capa negra deixou o teu cheiro cravado nos meus dedos. e os teus bem presentes na minha pele. de todas as maneiras.

Aquele que fui agradeceu a quem te tornaste pelo café da manhã. Agradeceu pelo bom dia dado devagar, apesar da pressa incessante; agradeço as noites e os dias e a leveza do corpo durante tanto tempo.

Ao princípio, receava ter sido por uma noite. Receava o sonho ao invés da realidade.

E agora que sei quem és, receio passar por tudo de novo. Mas lábios negros ficam para trás e desaparecem nas tatuagens de outrora.

quarta-feira, maio 02, 2012

all she knows.

"Não se pode entrar duas vezes no mesmo rio." Heráclito.


Nunca me avisaram que tal não era possível. Sempre julguei que poderia lavar o corpo na mesma água, nas mesmas gotas salgadas e no mesmo local. 

e por isso criámos castelos de algodão que se desmoronam com o vento e com os gritos. 

gestos rápidos e brutos substituíram os sorrisos. reflexos incontroláveis tomaram o lugar da leveza que se abria no peito e não há cigarro algum que consiga afastar essa dormência.

erguem-se paredes para controlar o que não consegues parar de dizer. fecham-se as portas para não ouvir, lava-se o chão para trazer de volta o brilho de outros dias, quando há um mundo em alvoroço para esquecer.

e julguei, em duzentos e oitenta e três dias, que tinha mudado. que eu não era mais eu

mas o meu nome não o perdi.




listening: All she knows, Bruno Mars.