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sábado, abril 07, 2007

Horário.

algures, atiçaste cães contra roupas desconhecidas que te surgiram ao caminho. eu ia contigo e perdi-me, algures no meio das árvores e das silvas.

o teu rosto era o farol que seguia e apagou-se

sei que, depois, os dias tornaram-se insanos: gritavam de dentro da pele, o meu corpo suava e as noites eram febris.

doía-me o rosto de tanto esticar a pele onde nasceste

e foi aí que os incêndios se acalmaram. novamente os cães a cruzarem a vasta planície do meu peito. e foi então que as mãos ficaram joviais, sem dores nem rugas

a minha sombra já não pesava
e o sorriso da criança estava ali.

passaram dias horas intermináveis em que estendi o seu corpo na relva, a olhar o céu para se sentir tão pequena como impossível.

aí os seus olhos explodiram. em manhãs frias com ventos cortantes a soprarem-me a voz para longe. luzes brilhavam pelo meu rosto enquanto desciam por ele e cada pedaço de pele, de carne e de sangue se contorcia

como que em delírio.

a cura chegou mas era insuficiente. desde o primeiro dia soube quando seria a tua partida. marquei-te viagem e, para não variar, foste pontual.