algures, atiçaste cães contra roupas desconhecidas que te surgiram ao caminho. eu ia contigo e perdi-me, algures no meio das árvores e das silvas.
o teu rosto era o farol que seguia e apagou-se
sei que, depois, os dias tornaram-se insanos: gritavam de dentro da pele, o meu corpo suava e as noites eram febris.
doía-me o rosto de tanto esticar a pele onde nasceste
e foi aí que os incêndios se acalmaram. novamente os cães a cruzarem a vasta planície do meu peito. e foi então que as mãos ficaram joviais, sem dores nem rugas
a minha sombra já não pesava
e o sorriso da criança estava ali.
passaram dias horas intermináveis em que estendi o seu corpo na relva, a olhar o céu para se sentir tão pequena como impossível.
aí os seus olhos explodiram. em manhãs frias com ventos cortantes a soprarem-me a voz para longe. luzes brilhavam pelo meu rosto enquanto desciam por ele e cada pedaço de pele, de carne e de sangue se contorcia
como que em delírio.
a cura chegou mas era insuficiente. desde o primeiro dia soube quando seria a tua partida. marquei-te viagem e, para não variar, foste pontual.