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sexta-feira, setembro 29, 2006

Traço justo.

Não quero o mundo dentro de mim, a morrer.

Todas as luzes denotam os mesmos rostos e os mesmos medos. há homens de carne e sangue que magoam ao andar

há vozes intemporais que interrompem o sono e
descem pelo rosto

em trajes de àgua.

Sei-te o traço justo e sei para onde foste. Reconheço agora, ao olhar a casa vazia, ao olhar as paredes escuras e sem luz, ao ver os sons gélidos e complexos da televisão que acendo para apagar a ausência de ti:

há palavras que não disseste
há mãos dadas que não se tocaram e

tudo isso se converge num só toque, que desce de repente e sem aviso, aterrando nas pálpebras, criando vácuo:

o suficiente para diluir os dias em que acordas e sabes que partiste.

sábado, setembro 16, 2006

Bússola.

Sei que há momentos em que a voz se deturpa e esconde pelos dedos dentro. É aí que procuramos quem conhecíamos e quem se tornou um estranho antigo

em várias fotografias que temos

e que não vemos mais.

Olhamos em redor e há gritos

onde há sangue há lágrimas e assim conhecemos o mundo.
Para isso servem as palavras que o corpo desconhece e que deita fora. Durante a noite, durante a tarde e as poucas manhãs que vives, tens vozes que recordam

que cortam em finas películas os medos antes perdidos

e que se colam à derme suada com sinais ao fundo das costas.

reconhecemos pequenos traços: o dedo curvado , o olhar plúmbeo , a intensidade sonora do sorriso

e julgas então que conheces a bússola para a felicidade.