Há luzes que levam de volta o corpo para a casa que te foi insuficiente. o silêncio
rodeia-se de espaços ocos onde não cabem recordações de nada
tentamos dormir mas a face sua:
os delírios retornam.
A cidade ergue-se na penumbra. pessoas e pessoas alimentam-se de medo e os cabelos tingem-se de loucura
o vento que persegue afasta o teu odor
a casa não é mais tua.
Seguimos as cruzes de néon que agridem a pele. gritam a tua origem; recordam-te, de uma forma inevitável, aquilo que foste
e que já não te permitem ser.
Engolimos as vozes. sabemos de antemão que os teus dias se aproximam do início:
deixamos que as mãos sosseguem sobre as cartas que pararam de
surgir.
o rosto onde nasces
e agora só há movimento para que possamos encurtar a d-i-s-t-â-n-c-i-a que
nos separa dos amigos:
o peito enche-se de nomes
os olhos engolem moradas antigas onde os procuraremos
apesar de sabermos
que não vivem mais lá.
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