Pesquisar neste blogue

quarta-feira, junho 01, 2005

Casa.

Os gestos são difusos, confundem-se com os espelhos que semeámos apenas
para esconder o reflexo do sorriso que trocámos. A luz torneia-me os olhos, devagar, e os dedos absorvem pessoas como se escrevessem os seus rostos

acentuam a tristeza do olhar.

A fome do mundo :: a distância das crianças fica palpável :: a voz dentro do coração
que se emudece e sissia: o lado errado é este.

a voz faz-se de lume.

E, ao chegar a noite, no mesmíssimo momento em que nos lembramos do que deixámos, os músculos bloqueiam: deixam-nos inertes, no meio da estrada poarenta, hipnotizados pela sombra de algo .. de alguém que julgáramos desaparecido.

aí, despertamos.

Procuramos nos bolsos as cartas que esconderamos - os pés afundam-se

olhamos no rosto o medo da solidão - as mãos são gélidas

tentamos falar: a voz encapela-se: o peito estremece explode - os olhos reviram-se

e o mundo, sem translação, ouve-nos os lamentos - a voz, enfim, identifica-se:

este é o lado errado do amor.

Sem comentários: