No fundo dos corpos esconde-se a dança em que
os dias, inevitavelmente, se afundam.
existe a rotina dos bons-dias; o ofício do olhar ausente que atrai
os amigos como se falassem deles.
E saímos de casa à pressa. deixamos a porta entreaberta. as mãos côncavas e
secas, com o cansaço da fuga que a juventude planeia.
a dança persiste.
- palmilhamos as ruas, atentos às saliências em que a tua voz se possa entrincheirar. Escrevemos cartas com pedidos de abrigo; temos como imagem
o rosto dos pais e o torpor atinge-nos sem prelúdio
as roupas desdobram-se em rastos de terra
como homens no deserto.
Há folhas a divagar no escuro. Há cães que nos protegem da nossa boca, da nossa fome. O teu coração persegue-te
noites a fio ouves o ruído do amor
e o ventre que palpita encolhe-se à medida em que a velhice se nos assoma: esquecemos os soalhos lugúbres; os dias de escola; os piqueniques ao meio dia; os risos cúmplices que vinham da água
o corpo há-de parar
no decorrer da noite se encontram os passos perdidos. aglomeram-se, apresentam-se de sopetâo e partem
e na planície permanece a infância
que o verdadeiro amante não sabe
dançar.
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