Hoje dói-me o peito por te fazer nascer. Criar-te as mãos para que me escrevas indefinidamente, deixar o meu rosto à tua mercê para que julgues, não hoje mas amanhã, que nasceste para sempre num qualquer local, onde as vozes escasseiam e se inflamam, sem que os nomes se pronunciem, sem que os sons sejam reconhecidos sem que alguém ouça.
De nós nada resta para os filhos.
Somam-se horas intermináveis diante das ruas voláteis e pequenas: rostos ausentes entregues a uma qualquer voz de chuva que lhes ordena que cerrem os olhos cerrem as mãos cerrem os ouvidos e sejam algo que nunca existiu.
E
de novo
os degraus
que me conduzem
à tua distância-sem-corpo.
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