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quinta-feira, novembro 06, 2003

Deixar de escrever.

De nada vale ouvir músicas das quais sei que gostavas. Não vale a pena recordar que te li vários textos na mesma noite; não vale a pena lê-los, sozinho, sem a tua voz aqui mesmo ao lado, e então ouvir as mesmas músicas - porque será sempre incompleto. Mais um pouco e estarei bem. Mais um pouco de tempo e estarei como já estive: sim , de forma diferente , agora que não estás aqui; sim , mais longe do que antes do algo que procuro e que, mesmo assim, não sei bem o que é. Tornou-se estranho. Tornou-se estranho acordar, já sem febre, e não ser a ti que oiço pela primeira vez. Tornou-se estranho e quase impossível pensar em filhos ou em casas caiadas de febre sem que estejas aqui. Estou mais distante de mim que nunca. E estou mais perto. Porque talvez desta forma me consiga, enfim, abrir e deixar de escrever - coisa que não consigo há meses. Sei que vou morrer quando parar de escrever, mas até para mim as folhas acabam.

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