Pesquisar neste blogue

sábado, fevereiro 14, 2004

Cheguei a tempo, antes de partires. Apesar de não me ter despedido, sei que sabes que eu estava lá, onde tu tinhas o teu corpo pré-disposto a viajar e a fugir. E neste momento, não há mais voz nenhuma que dance pelo resto do mundo, não há mais qualquer perfume ou sabor de pele que me recorde de ti. Hoje é um dia a seguir a ontem, amanhã será um novo dia igual a tantos outros e, de qualquer modo, tenho a exacta maneira de te prender a este chão caiado de insónia e de cansaço. Vou sair, daqui a instantes, do lugar onde nascemos e onde vimos os filhos nascerem. Neste momento, já são velhos com cabelos brancos e eu permaneço eterno. As minhas mãos sobressaiem quando te tocam no rosto, quando o teu cabelo se junta ao sol de inverno e ao vento fresco que nos traz a audácia de quem descobre. Os nossos corpos tocam-se de uma maneira que nem tu sabes descrever. De que me valem as palavras hoje? De que me vale o número dos dias se, mesmo assim, partiste? Não sei mais quando te irei desenhar pelas ruas da cidade, mas sei que hoje os candeeiros se apagam, e os meus incêndios se fluem no epicentro do teu rosto que se despede de mim.

Sem comentários: