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terça-feira, março 09, 2004
Não me perguntes onde estou porque aqui impera o silêncio e o frio da casa. Tenho de ti apenas o teu retrato meio-apagado que deixaste, e os dias - esses outros - já não me respondem. Sei que existe por dentro da pele um sabor estranho do tempo da nossa infância, a mesma que se nos estende nos desertos da cidade. Mas agora já é tarde e, de qualquer modo, pretendo deixar no corpo marcas de uma qualquer mágoa - em outros dias - onde as paredes não me impeçam de recordar tudo aquilo que ainda tenho de ti. Se falares comigo, responder-te-ei.
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