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quarta-feira, maio 05, 2004

Behind blue eyes.

Partiste e não consigo mais olhar as paredes da casa que te absorvem o rosto. Em torno existem vários restos da tua pele, vários cheiros que o teu corpo liberta enquanto me ama e me consome. Tenho para mim a certeza de que não sei como me despedir de ti, e terei o teu rosto presente em todos os países para onde fuja. De nada me vale esperar-te ou pensar que, ao terminar a rua, estarás lá. A tua presença traz espaços que não me disseram como apagar, o peito refugia-se-me pelas mãos afora e gaguejo quando chega o momento de adormecer. Acordar torna-se impossível, os cigarros já não trazem a mesma ebriedade e por isso te pergunto sempre quando será o dia em que não conhecerei o teu rosto.

Pesam-te as mãos quando me tocas? Enche-se-te o peito quando me olhas ou quando adormeço? Terás tu a resposta para os outros dias dos quais teimamos em fugir?

Por detrás dos meus olhos ergue-se o teu corpo imponente que me tolhe o desejo de que as mãos apenas envelheçam, sem que delas nada reste para quem venha depois.

Invade-me a febre por te ver partir e deixar a casa que foi tua. Todos os retratos que estendemos pela parede apenas servem para te colorir o rosto e para suavizar o aspecto árido que a partida sempre te deixa nos lábios.

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