oblíquos da cegueira. Sentamo-nos lado a lado: a voz suspende-se por momentos e, de onde a fogueira crispa, surge o rosto incansável da criança que não há-de nascer.
para onde ?
Os dias começam a criar-se em casulo, dentro das cartas de abandono e distância. Passos ao longe anunciam em uníssono o fim do cigarro insone: a chegada dos outros dias que julgáramos distantes.
e agora ?
Aproximam-se do centro da juventude aqueles que, algures, se tornaram transparentes, inócuos, invisíveis.
Colocam-se ao lado das mãos, penetram os molhos de fotografias e retiram-lhes o sorriso, a magia, a presença que se tornava sólida.
porquê ?
Continuam lá. Mas, apesar disso, olhamo-las com uma vista ausente, como que em despedida, privando-as do afastamento que os anos atenuam. A terra é já saturada pelas lágrimas que brotam do lado errado do coração. Os espelhos denunciam-nos aos demais: é como se o nosso respirar fosse um alarme estridente: como se os seus dentes rangessem assim que pressentem o nosso cheiro: os seus músculos se retesassem assim que pisamos este chão: assim nos impedem o reencontro.
nada podemos fazer.
Resta-nos sentar no meio da penumbra. Os teus olhos plúmbeos que engolem o mundo tornam-se imensos e leves demais para impedir a implosão da carne
e nós a sabermos tanto sobre tantas coisas que não podemos mais ter.
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