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sábado, dezembro 03, 2005

Voz nocturna.

"Dizem-lhe: o mundo fecha os olhos quando a alma chora."

Durante a noite, as vozes soam mais profundas e guturais. Dizemos palavras inconsequentes sem saber que, algures ao fundo da rua, uma outra voz nos escuta e, em soluços, se dispersa por quem fomos.

Procuramos nas algibeiras bilhetes de viagem já diluídos. Fumamos cigarros em convulsão: a espera rodeia-nos as pálpebras. Falamos com amigos durante a madrugada

as vozes ainda secas e profundas.

Palmilhamos a distância entre os nossos corpos: estás onde um dia te recordei.

Apagam-se as luzes. Vêem-se cristais à solta pelos lábios. As mãos cortam-se para que se curem. A nossa febre é a de não sabermos o nosso nome

e de não poder, assim, procurar-te.

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