Que fazes tu quando os fantasmas se assomam à tua pele e a fazem gritar?
andas pela cidade como quem ouve sons inexistentes, à procura de um rosto que se esvaneceu e que deixou nas mãos um sabor acre, um rasto luminoso que não indicia a sua direcção.
vês, sem pressas, as pistas que o corpo foi deixando cair na estrada, nos postes de luz, nas paredes desnudas e rasuradas: tentas ler cartas amarelecidas pelo calor da solidão: respiras rápidamente, deixas partir amigos que vão para outros destinos;
despedes-te deles e nada mais
há.
partilhas o corpo nesse momento. Sentes o suor escorrer pelas malas inacabadas:sentes a boca contorcer com a falta de espaço com a falta em si
e os olhos percorrem-te por dentro,
implodes na tua ânsia de reconhecer quem se foi embora
e que, de quando em vez, manda cumprimentos para logo de seguida
desaparecer
por entre a multidão em silêncio.
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