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segunda-feira, outubro 30, 2006

última.

Tinhas uns olhos claros que faziam o corpo andar mais depressa, quase em frenesim. lembro-me que, naqueles momentos, havia esquinas que não pareciam escuras apenas porque o ruído do mar ecoava nos dedos

os mesmos que não se cansavam de escrever.

há sons que hoje se tornam imperceptíveis. há medos que surgem na garganta e que depois se desfazem nas roupas dos homens: visto-te como se fosses uma idade que escolhera.

mas eis que, hoje, os teus gritos tomaram o lugar desses olhos.

neste momento, em vez dos teus lábios cor de sangue há apenas lâminas que cortam as minhas costas como se fossem o teu dedo-arma

que entretanto adquiriste com o mundo.

que dizer do eco que surge durante a madrugada ?

sei que, no lugar dos poemas, há mortes inexplicáveis; há amigos que partem sem que lhes vejas o rosto; há danças que não conheceras e que agora praticas; há crianças que dizem o teu nome de uma forma tão .. doce.

lustro. a tua pele brilha. e a tua também.

talvez por isso, de pés descalços, ergas nas tuas mãos a pele com os desejos que tivemos e, no lado mais distante, bate a meia-noite.

a última.

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