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quarta-feira, novembro 14, 2007

146

are you able to go back to the start ?

em silêncio, se ninguém te dirigir a palavra, consegues encontrar o caminho novamente para casa ? tens trocos no bolso para pagar o bilhete de autocarro que, anos mais tarde, encontrarás novamente no bolso e te fará recordar ?

naquele momento, entraste. olhaste o motorista, olhaste novamente para a casa que se fechou por detrás de ti e foste embora. não sabias se era a última vez. mas foste embora, mesmo assim.

voltaste uma e outra vez. continuas a passar lá, de quando a quando, a tentar provar a ti próprio que consegues esquecer um caminho que tantas vezes fizeste.

tinhas um farol que já ruiu.

e dás por ti a olhar para a frente enquanto o motorista - sempre ele - quase te grita aos ouvidos o preço do bilhete que sabes de cor. pagas, esqueces o nome, sentas-te lá para trás onde ninguém te vê e para que possas olhar à vontade, esqueces o sabor que trazes colado aos lábios

soletras as letras do seu corpo, baixinho, como se fosse este o momento em que lhe constróis o rosto - e apagas os mapas.

o autocarro parte. tu partes com ele mas, atrás de ti, bem à porta do nº 20, 4º esquerdo, ficaste tu. resta agora saber se vais voltar para que te reconheças novamente e saibas que já não és o mesmo que tantas vezes esperou, sentado, com frio, na paragem do 146.

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