penduras no corpo as cruzes do dia que passou e pedes a gente conhecida que te olhe e te diga que não és invisível.
tens na voz o nervosismo da hora; o cansaço começa a apoderar-se das tuas memórias e apenas olhos reluzentes surgem, no meio de actos impensados e imberbes
depois de tudo, acordas.
metes as mãos à cabeça e afagas a barba como que a pedir perdão por não conseguires descansar. pedes ajuda em tons de surdez
e ninguém ouve
partes à procura de conversas imperceptíveis; prescrutas as ruas da cidade para lhe tomares o gosto e descobrires o seu nome. os olhos doem-te do esforço de ver
reconheces em todos rasgos de
mágoa e
de arrependimento
fazes-te à estrada sem olhares para as placas. não queres saber quilometragens ou direcções. caminhas sem fim e sem espírito: tudo o que eras ficou no quarto, preso à cama, momentos antes de fechares a porta.
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