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quarta-feira, novembro 21, 2007

Já não te guardo raiva. sabes isso.

já não guardo em mim as fotografias que tirámos, as músicas que ouvimos, nada. guardo apenas o teu sorriso de quando te vi pela primeira vez. guardo apenas o teu primeiro olhar de quando desceste pelas escadas e soubeste que iria terminar, um dia.

sei de cor cada momento que aconteceu nesse dia. e ainda sei o teu nome como se fosse meu mas .. apenas isso. estás por aí, algures. deves estar bem porque as más notícias correm sempre mais depressa e essas ainda não me chegaram. espero também que tenhas alcançado a tua paz. a minha, essa, ainda está longe. existem imensas coisas que poderia dizer-te e que guardei durante anos. imaginei por diversas vezes se o teu sorriso está diferente, se o toque das tuas mãos ainda tem a mesma ternura ou o mesmo cheiro. guardo para mim a imagem que tenho de ver-te dormir. e essa não mostro a ninguém porque apenas eu vi. era eu que te velava o sono e agora já não. os nomes que escolhemos juntos já não se adequam aqueles que contigo crescerão e que vão aprender por ti o que é isto tudo: o mundo. e sempre disseste que eu tinha uma visão muito peculiar dele, quiçá especial. e eu sorria.

posso dizer-te que aquele que era contigo já não existe mais; que os olhos que te olhavam, doces, já não brilham da mesma maneira. hás-de, um dia, olhar para trás e sentir no teu peito o peso que tive no teu mundo. e se, por acaso, não conseguires respirar, será porque te falto e porque estou diferente.

já não tenho o mesmo nome que ouviste outrora. as minhas mãos já não escrevem como antes. as tuas sim. mas quero que guardes em ti a certeza de que foram estas mesmas mãos que escreveram no asfalto "amo-te" como se fosse eterno e são elas que hoje te dizem: já não te amo mais, fui embora.

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