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sexta-feira, agosto 22, 2003

As mãos sob a pele.

Hoje meti as mãos aos bolsos e encontrei um pedaço de mim. E foi como se algo existisse por dizer ainda. Lembro-me que fiquei nervoso, nesse momento, e lentamente retirei um bilhete rosáceo que ainda hoje não me tráz qualquer utilidade ou usufruto, e mesmo assim guardo-o. Mesmo assim me lembro de entrar na sala, olhar em volta, não ver ninguém e, de qualquer das formas, sentar-me, calmamente; acomodei-me, e.. silenciei-me. Não sei o que silenciei dentro de mim, ou quem silenciei fora de mim, sei que todo eu fiquei em silêncio, sem me mexer, sem sorrir, sem voz, tacto, visão. É nestas alturas que um sorriso estúpido nos sobe à cara e não sabemos mais o que dizer, quando dizer, etc. As palavras atropelam-se dentro de nós, enrolam-se-nos na boca e os lábios continuam cerrados - e mesmo assim os meus sorriem.


"Beijarei em ti a vida enorme, e em cada espasmo
eu morrerei contigo." Herberto Helder - O amor em visita.

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