Pesquisar neste blogue

domingo, agosto 10, 2003

De uma forma, de outra forma.

Gritos e gritos e gritos que surgem a meio da noite quando alguém tenta dormir. Assim é a noite por aqui, onde vozes se tornam agressivas e nocivas à pele, quando as mãos já tremem e já não se sabe o que se pode dizer ou não, sem ferir ou sem rasgar peles e brote o sangue. Sim, a minha pele é frágil, sim: a minha pele rasga-se; sim: os meus ouvidos doem também quando falam alto demais, quando falam palavras a mais, quando dizem tudo aquilo que não deveriam dizer, e que eu não vos deixo dizer. Não mo digam, não quero ouvir, eu não quero saber o que têm para dizer, porque já o sei. Todavia, fico surpreso. Porquê? Porque, apesar de todo o meu corpo tremer em toda a sua extensão; porque, apesar de todo eu me incandescer aquando das vozes agressivas; porque, apesar de todos os meus cabelos se eriçarem e apesar de todos os meus esforços em contrário: ouço-vos na mesma. E sim, dizem aquilo que não quero ouvir; sim, aquilo que já sei ouvir; sim, aquilo que já aprendi - à custa de muitas vezes o ter ouvido - a ouvir e a sentir e a negar e a esquecer: enfim, a des-importar-me. Onde foi que o fiz não mo perguntem - eu não o sei. Mas sei que tudo aquilo que me podem dizer eu já conheço, e não o quero ouvir de novo - basicamente porque o dizem sempre da mesma maneira e o esqueço sempre, de uma forma, de outra forma.

Sem comentários: