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domingo, fevereiro 22, 2004

Inês.

Dizem que é um mundo louco, este onde tu surges. Sei que espero por ti em qualquer sítio onde esteja, seja no fim de uma rua, na cama, em redor das casas, dos rostos. Não existem palavras grandes o suficiente para te dizer tudo aquilo que deixaste nas minhas mãos, com sabor a despedida-curta. E esse sabor irá ganhar sentido e irá crescer como um nome completo, quando voltares e eu te for buscar. Ouço a mesma música repetidas vezes, e assomam-se-me à vista faces familiares .. a infância distante. Não me viste criança, não me viste crescer e mesmo assim, eras tu que me acompanhavas. Lembro-me de todos os aniversários, todos os natais e toda a importância que então tinham os meus olhos, por vezes limpos, outras vezes cristalinos mas sempre: distantes. E eis que então me aproximei deste mundo que apelidam de louco. Hoje, um dia mais tarde do que o devido, onde ninguém me conhece, sei que todo o peso das cidades se ergue durante a noite, quando eu sonho ou quando te procuro. Um dia soube que estavas a chegar, hoje sei-o novamente. E todos os sons que algum dia conhecerei não conseguirão dizer com o mesmo sorriso todo o amor que sai dos teus lábios.


"Reparou então que o tremor das mãos, aquele suor frio que se
lhe brotava da pele, os pêlos arrepiados por todo o seu corpo,
tudo isso - era a felicidade que chegara, sem avisar." - A varanda sobre o mar , Sérgio Xarepe.

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