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quinta-feira, fevereiro 26, 2004

Sei que nada se contrói rapidamente, ou que as mãos não tremem por razão nenhuma. Sei a exacta forma como acordas, como os teus olhos se encontram no lençol branco e como o teu corpo se contorce em redor do meu. E tenho em mim esta percepção inócua, plana: simples. Sei que ainda é cedo para que pela rua surjam fogueiras cujos corpos se arrastam pela multidão: será como que dizer aos rostos as horas que o corpo já não conhece. E de todas as maneiras que existem para olhar, esta é a mais perfeita. Tudo porque o teu peso me circunda e circunscreve à tona da água; isto porque, onde tu estás, existe o mundo a movimentar-se em círculos estranhos e periféricos, e as minhas mãos são sobejos de palavras mal adormecidas: ou de fugas-previstas-à-nascença.
De toda a minha pele, salientam-se pequenos traços de sangue, pequenos sorrisos em forma de ave, asas a crescerem pelas mãos que tu tocas sem saberes, ao acordares serena com a tua inocência a sobrepôr-se a tudo aquilo que os teus lábios libertam; comigo ao lado.

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