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sexta-feira, fevereiro 20, 2004

O amor é uma ferida escondida nos nossos livros de infância, onde aprendíamos a ler os traços da nossa pele: onde nem sequer imaginávamos o que viria a acontecer. Sei que estou quieto e preso no mar baço onde as minhas mãos se destroem: o dia está pesado por demais, a minha pele de super-herói já não se cura tão rapidamente. Sei que te disse que iria estar sempre aqui; sei que disse que, enquanto dormisses, te iria guardar o sono. Perdoa mas falhei. quando cerrares os olhos, não estarei mais lá: quando acordares e colocares o teu braço para o lado direito da tua cama - onde se estendem as tuas imagens do mundo - não será o meu corpo que irás sentir: apenas o lençol. Estarei longe, ou perto - tanto faz. Estou por demais cansado, sabes? De nada me vale correr o mundo a salvar vidas, a salvar-te de algo que me iria para sempre preencher com um espaço demasiadamente branco e disforme para o conseguir compreender. Talvez o tempo tenha sido curto para te dizer tudo aquilo que as minhas mãos não conseguiam soletrar. Sempre te disse que tinha jeito para a escrita, mas ela não me alimenta, ela não me ama - e assim te acompanha. Vejo-vos partir. nada mais resta para fazer senão colocar-me religiosamente por cima de lençóis escuros onde consigo vincar o teu nome completo sem que, mesmo assim, ele cresça e ganhe a tua forma.

Se acordares assustada, chama-me: curar-te-ei o medo do escuro com o peso dos frascos que trago rente às costas.

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