As crianças vestem a idade dos pais; partem para o mundo com a certeza de que, ao cair da noite, ainda o corpo estará adormecido.
olham os outros. desconfiam dos sorrisos que lhes arremessam; permanecem, calmamente, encostados à esquina, esperando a companhia nocturna na sua cegueira.
não notam que os olhos estão repletos de febre
não sentem os nomes que saltam das mãos assim que as abrem.
esperam mais, até que a impaciência toma conta da voz.
não notam que os olhos estão repletos de febre
não sentem os nomes que saltam das mãos assim que as abrem.
esperam mais, até que a impaciência toma conta da voz.
praguejam contra a doença que os fez nascer; renegam para a garganta todas as imagens que tiveram sobre o amor; desistem de cobrir com a pele a tristeza que os invade
quando se apercebem que
ninguém há-de chegar.
dão meia-volta, deixam as roupas cair porque o corpo lhes foi insuficiente.
vêem os amantes pela rua,
perdem-se a contar os passos que lhes faltam para chegar a uma casa onde, sem surpresa, não haverá vivalma.
fintam as luzes para que cresçam apenas na penumbra: e assim apenas se poderão lembrar do quão escuro estavam os anos da espera.
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