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sexta-feira, março 24, 2006

Fazer de conta.

"I know it won't be long until I see your rising eyes wander behind my skin,
and watch it grow again."

Os dedos tocam músicas que se foram incorporando no corpo, ao longo dos anos em que teimávamos deixar o tempo decidir.

Um dia houve em que os desejos tomaram conta de nós: e o peso das decisões adiadas encurvou-nos o sorriso.

Recebemos cartas e, junto delas, cresce um odor acre que deixa um rasto luminoso nas mãos , como que tentando desvendar e dar a conhecer os caminhos por onde deixamos as roupas que não tivéramos tempo para vestir.

Fomos embora, deixando portas entreabertas e olhos curiosos a vaguear

pelos móveis
pelos lençóis
pelos quadros

que um dia mandei desenhar em ti.

Depois, a água rodeou-nos os quadris: ficámos inertes, presos aos nossos próprios olhares: obrigados como presas a sentir, a c a d a m o m e n t o

a carne devassada e plúmbea.

Deixámo-nos ir, um rente ao outro. Deixámos os dias passarem, os cigarros queimarem as poucas recordações do nosso cheiro submerso

why haven't you told me that

a chama alienou-se do espaço
e o teu sorriso tão longínquo ainda ecoa

entre os dedos surdos
que mutilam sons
tentando ouvir a tua voz.

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