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domingo, novembro 23, 2008

V

acordas com os lábios secos a meio da noite. não sabes porquê.
acendes o cigarro à pressa porque queres adormecer e tens, colado aos olhos, o rosto que te surgiu durante o sono:

lembras a cor dos cabelos, os traços e a feição perfeita. até consegues sentir o cheiro nos dedos, misturado com o odor amargo do tabaco aceso.

molhas os lábios com a língua, passas a mão pelo rosto e sentes o teu respirar pesado, sôfrego, como se fosses implodir na penumbra, sem emitir qualquer som.

abres os olhos e ganhas a inevitável certeza que te diz a quem o filho pertence e qual o ventre que te espera na sala, sentada no sofá, com um olhar doce à tua espera

e um beijo de destino anónimo guardado lá dentro.

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